A
fina garoa que caía naquele final de tarde, só se prestava para umedecer, além
das almas daquela multidão, os tenros botões de rosa do buquê, que segurava,
firmemente, em seus braços. Sinônimo de um milhão, e mais um pouco, de
desculpas. Nem mesmo a friagem que sentiu, quando seus pés pisaram na poça
d’água, conseguiu gelar seu coração, mas a fez refletir.
Até
quando suportar mais mentiras, mais enganos, mais botões de rosa apagando
traições. Movimento inconsciente, seus braços se estenderam para que um taxi
parasse. Mais um final de dia, mais uma volta solitária para casa e mais um novo recomeçar. Seu coração estava
quase cedendo, quando os olhos verdes do motorista perguntaram para onde iria.
Alguns infinitos segundos se passaram até que a resposta viesse:
-
Para a tua cama.
Ary Roberto
..."Nem mesmo a friagem que sentiu, quando seus pés pisaram na poça d’água, conseguiu gelar seu coração, mas a fez refletir...."
ResponderExcluirPoético, questionador, instigante. Bravo, Ary!
ABRAÇOS